segunda-feira, 30 de março de 2009

DEJÓTARO I FILOROMANO (62 – 40 a.C.)

Dejótaro: em sua língua nativa, o gaulês, seu nome é Deiotarix. Em grego Deiotaros I Philoromaios, isto é, Dejótaro I, amigo dos romanos, os quais o chamavam Deiotarus. Dejótaro (105 a.C. – 42/40 a.C.) foi inicialmente Chefe Tetrarca do Tolistobogios na Galácia ocidental e posteriormente Rei da Galácia. Ele é referido como 'o Touro Divino' e foi considerado um dos mais habilitados dos reis célticos, governando as três tribos da Galácia a partir de sua fortaleza em Blucium. O nome Dejótaro parece significar “touro divino” e sendo uma alusão a um deus dos gálatas. Considerando que esta deidade obscura é difícil de verificar-se em outro lugar na cultura céltica, pode se conjecturar que foi um deus local adotado pelos Gálatas. Deiotarix, contudo, é claramente um nome céltico: o 'rix' no seu nome significa 'rei' ou 'reino'. Abaixo, moeda com a efígie de Dejótaro

Dejótaro nasceu provavelmente em 115 a.C. Seu pai, Sinorix, era amigo de Marco Pórcio Catão Saloniano, dito, Catão de Salônica, o Jovem, nobre romano. Dejótaro casou-se com Berenice, princesa de Pérgamo, a filha do Rei Átalo III Filometer Euergetes. Eles foram os pais de Adobogiona, que se casou com Brogitarix (Brogítaro), que foi o tetrarca dos Trocmos e futuramente ostentou o título de rei com o seu sogro sobre parte da Galácia. Adobogiona e Brogitarix foram os pais de Amintas, Tetrarca dos Trocmos e o último rei da Galácia.
Durante a primeira guerra entre Mitrídates VI Eupátor, rei do Ponto, contra os romanos, os gálatas foram contratados pelo rei pôntico contra as forças de Roma. No entanto, os exércitos pônticos foram derrotados na Batalha de Khaironeia (86 a.C.) e Mitrídates responsabilizou os gálatas por essa derrota.
Entre 86-85, Mitrídates convida os tetrarcas gálatas (cerca de 60) para um banquete no qual assassina a todos. Os Tetrarcas Dejótaro e Brogítaro salvam-se por não estarem presentes no banquete. Outro tetrarca, Bepolitanos, foi poupado por Mitrídates devido à sua idade jovem e belas feições.
Entre 78-75, Dejótaro ajuda os Romanos na sua incursão a Isaura, Pisídia e Frígia. Dejótaro expulsou da Frígia as tropas de Mitrídates VI do Ponto dirigidas por Eumaco em 75 ou 74 a.C. Sendo assim, Dejótaro alinha seu povo ao lado dos Romanos durante a Terceira Guerra Mitridática (73-63 a.C.) auxiliando-os à vitória na Batalha de Kabeira (Niksar). Em 69/68, o exército romano sob de L. Lúculo passa o inverno em Górdio(Uindia) na Galácia. Abaixo, tumba gálata em Górdio.

Em 63, Pompeu, o novo comandante das forças romanas na Ásia, constrói a cidade de Sebastea (Sivas) e deixa-a nas mãos de Ateporiks, tetrarca gálata dos Trocmos. Mas Dejótaro foi o grande aliado de Pompeu, seu amigo mais influente. Pompeu, cônsul e hábil militar, ajustando os assuntos romanos na Ásia após a derrota de Mitrídates VI em 65 a.C., recompensou Dejótaro por sua ajuda com o título do rei e um aumento do território da Galácia com a incorporação da parte oriental do Ponto, ao qual o Senado acrescentou a Armênia Menor, Galedonitis e a maior parte de Galácia governada por outros tetrarcas. Em 60, Castor Tarkondarios, neto de Dejótaro, e Domnilaus tornam-se co-tetrarcas dos Tectosages com o apoio de Roma, a qual no ano seguinte apóia a reivindicação de Dejótaro ao trono de Tolistobogios. Em 53, quando da morte de Brogítaro anexa os territórios dos Trocmos ao seu reino.
Recusa-se participar da guerra do general romano Crasso contra os Partas (55-54) alegando sua idade avançada, embora em 51 a.C. levante um exército gálata no estilo romano e derrota uma incursão dos Partas. No mesmo ano, Cícero, governador romano da Cilícia, montou um acampamento romano em Cybistra nas bordas da Capadócia para a proteção da Capadócia e da Cilícia contra os Partas. Dejótaro ofereceu as suas forças militares, mas Cícero informou-o não ser necessário.
Na erupção da guerra civil romana entre 49 e 45 a.C., Dejótaro naturalmente posicionou-se ao lado do seu velho patrono e aliado Pompeu (imagem ao acima) na sua luta contra Júlio César, que desafiava o Senado. Quando da derrota das forças de Pompeu na Batalha de Farsalo (48 a.C.), Dejótaro fugiu para a Ásia e Pompeu para o Egito, onde foi assassinado.
Por este tempo, Fárnaces, filho e sucessor de Mitrídates no reino do Ponto, conquistou a Armênia Menor que era possessão da Galácia. Dejótaro pediu auxílio a Domício Calvino, legado de César na Ásia. Fárnaces derrotou o exército gálata-romano perto de Nicópolis. Afortunadamente para Dejótaro, Júlio César então (47 a.C.) chegou à Ásia vindo do Egito e foi recebido pelo rei gálata no vestido de um suplicante. César perdoou-o para ter se aliado anteriormente a Pompeu e ordenou que ele retomasse o seu traje real. Aliado de César, Dejótaro forma uma legião ( a Legio XXII Deiotariana, Legião Dejotariana) de apoio às tropas César (imagem ao lado) e derrotam Fárnaces em Zela. Segundo o cronista romano Hírcio, César deixou-o com o título de rei, mas deu sua tetrarquia a Mitrídates de Pérgamo. Cícero diz-nos que ele foi privado ambos, tetrarquia e monarquia, porém não do seu título real, e que foi multado. Dío Cássio diz que César realmente de fato concedeu a Ariobarzanes, rei da Capadócia, uma porção do reino de Dejótaro, mas que César deu a este uma parte do que havia tomado de Fárnaces, e portanto de fato alargou o seu território; mas isto parece inconsistente com os informes de Cícero. No outono do mesmo ano, a causa da realeza de Dejótaro foi, sem êxito, advogada por Bruto diante de César em Nicéia na Bitínia. Abaixo, imagem de guerreiro gálata.
Quando da morte de Mitrídates de Pérgamo, Tetrarca dos Trocmos, Dejótaro tentou ocupar o seu lugar, o que causou tumulto entre os príncipes gálatas. Dejótaro foi acusado em Roma em 45 a.C. pelo seu neto Castor Tarkondarios de ter apoiado Cecílio Basso, aliado de Pompeu, e de ter tentado assassinar César quando o último foi o seu hóspede na Galácia. Cicero, que tinha em alta consideração a Dejótaro, a quem conhecera quando fora governador da Cilícia, empreendeu a sua defesa; o caso foi discutido na própria casa de César em Roma. Na ocasião Cícero pronunciou sua famosa Pro Rege Deiotaro, discurso em defesa de Rei Dejótaro até hoje existente. No seu discurso, Cícero (imagem ao lado) toca no cerne da questão: a verdadeira causa das acusações são as disputas entre Dejótaro e os seus parentes por terras e poder na Galácia. Por fim Dejótaro saiu vitorioso da questão e mandou matar seu neto e filha devido a essa conspiração. Depois da morte de César, Blasemio e Hieras estavam em Roma para tratar dos interesses de Dejótaro, quando Marco Antônio, por uma grande compensação monetária (10.000 sestércios), publicamente anunciou que, conforme instruções deixadas por César, Dejótaro deve retomar a posse de todo o território do qual ele tinha sido privado. Aliás, Dejótaro já havia tomado à força esses territórios recebendo posteriormente a confirmação romana. Quando a guerra civil novamente estourou em Roma, Dejótaro foi persuadido a apoiar o partido anticesariano de Bruto e Cássio, mas depois da Batalha de Filipos em 42, passou para o lado de Antônio e Otávio.

Abaixo, arte gálata: representação da cabeça de um touro proveniente de Távio, cidade gálata.


Dejótaro permaneceu na posse de seu reino até a sua morte em uma idade muito avançada, talvez 75 anos. Segundo as fontes históricas, Dejótaro era supersticioso e muito interessado em adivinhações. Diófanes de Nicéia dedicou um manual de agricultura a Dejótaro, que era seu patrono.
Dejótaro foi sucedido por seu filho, Dejótaro II, cujos irmãos foram mortos pelo pai para evitar disputas pela sucessão.

REFERÊNCIAS:
http://en.wikipedia.org/wiki/Deiotarus


http://www.galloturca.com/galatians_files/chronology.htm

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